
Embora como agora, pós Rio 2016, muitos digam que o futebol feminino brasileiro ganhou a adesão popular como nunca visto, há nove anos, o mesmo aconteceu. No Pan-americano de 2007, também sediado na cidade do Rio de Janeiro, as jogadoras ganharam uma visibilidade tremenda.
No elenco já faziam parte nomes renomados do futebol feminino do Brasil, como: Marta, Formiga e Cristiane Silva. Além da meio-campista Daniela Alves, que fez uma competição de altíssimo nível.
A seleção vinha de uma derrota dolorosa para a equipe estadunidense na final da Olimpíadas de Atenas 2004, jogo que terminou 2 a 1, com o gol final feito pela Abby Wambach, apenas na prorrogação. O Pan em casa chegou como a grande oportunidade de se fazer a revanche, partida que realmente aconteceu, novamente em uma final.

Fase de Grupos
Dificuldade, com certeza, não foi uma palavra usada pelas jogadoras e comissão técnica da seleção feminina brasileira durante a primeira fase da competição. Os dez times participantes da modalidade foram divididos em dois grupos com cinco times cada, sendo apenas jogo único e passando para a próxima fase os dois primeiros de cada grupo.
O Brasil caiu no Grupo A, com: Canadá, Jamaica, Equador e Uruguai, porém, nenhum deles foi uma real dificuldade para o elenco brasileiro. Com a brilhante média de mais de seis gols por jogo e nenhum gol levado, a seleção passou pela fase de grupos com 100% dos pontos disputados.
O “mais difícil” dos jogos foi o primeiro, contra o Uruguai – que ironicamente foi o pior do grupo -, aonde o Brasil apenas ganhou por 4 a 0, com destaque para Daniela Alves, que fez dois. Na segunda partida, onde a Jamaica foi a adversária, a seleção venceu por 5 a 0, e Marta marcou seu primeiro gol na competição, de pênalti. O melhor jogo da seleção feminina foi o terceiro, contra o Equador, partida que terminou 10 a 0 para o lado canarinho, sendo destaques os quatros gols de Cristiane e de Marta. Na última partida da primeira fase, o Canadá foi batido facilmente com uma atuação perfeita da camisa dez, Marta, que marcou cinco gols e decretou o 7 a 0.
Como resultado da fase de grupos, no Grupo A passaram Brasil e Canadá, e no B: Estados Unidos e México, que foi adversário da seleção brasileira na semifinal.
Fase Final
Diferentemente da facilidade obtida na fase de grupos, no inicio mata-a-mata não foi bem assim. A semifinal foi contra a forte equipe do México, que não foi primeira colocada de seu grupo apenas pelo saldo de gols. Porém, a seleção brasileira conseguiu a vitória de qualquer jeito, o jogo terminou 2 a 0, com os dois gols no segundo tempo, e nenhum feito pelas artilheiras, ambos foram da lateral-esquerda Rosane Augusto, que já tinha outros dois gols na competição.
Na outra chave a semi foi entre Estados Unidos e Canadá, e essa partida terminou em 2 a 1 para o lado americano, com dois gols da atacante Cheney. Com esses resultados, a final seria uma reedição da final olímpica de 2004, que acabou em vitória do time norte-americano. Tinha tudo para ser um jogo equilibrado e sem favoritos.
Entretanto, nada disso foi visto em campo. As brasileiras tomaram conta do jogo e venceram com um espetacular 5 a 0, com direito ao antigo Maracanã com 70 mil torcedores, gritos de “é campeão” no intervalo e “olé” ao final do jogo – naquela época ainda não tinha “zika” no gol americano pra gritar.
Com a Marta abrindo o placar com um gol de pênalti aos 19 minutos e Cristiane desviando de cabeça, após cruzamento, aos 30, o primeiro tempo terminou em 2 a 0. Logo na volta do intervalo Cristiane marcou seu segundo gol na partida, aos três da etapa final, sete minutos depois a própria Marta foi derrubada dentro da área e marcou mais um em penalidade – fazendo-a somar 12 gols na competição, sendo a artilheira maior do torneio naquela edição. Ainda teve tempo para Daniela Silva marcar o último gol do jogo, aos 31 do segundo tempo. Fim de jogo, medalha de ouro para a seleção feminina de futebol do Brasil.

Autor: Augusto Araujo (@AugustoLdeA)
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