
Por Gabriel Ferreira, MG
O futebol pode ser bastante solitário. Dos 11 em campo de um time, um deles se destaca: uniforme diferente dos demais atletas da equipe, mãos cobertas por luvas e a necessidade de ser infalível. O dia 26 de abril foi o escolhido como como o Dia do Goleiro, possibilidade de reconhecimento à função que, segundo o dito popular, é a mais ingrata do futebol.
A data não foi escolhida sem razão, 26 de abril é aniversário de um dos maiores goleiros já vistos em terras brasileiras. Nascido Haílton Corrêa de Arruda e eternizado como Manga, o arqueiro se fez ídolo do Internacional e do Botafogo nas décadas de 1960 e 1970 e mereceu o registro como grande representante da posição.
A homenagem no calendário oficial é justificada pela ousadia do goleiro de origem humilde que defendia sua baliza sem luvas, fato causador de diversas fraturas em suas mãos, mas que demonstra sua personalidade característica, marcada também pelo arrojamento nas saídas da meta e a longevidade na carreira como atleta, a qual se estendeu até os 45 anos.
Apesar da longa trajetória dentro dos gramados, o currículo de Manga pela Seleção Brasileira leva apenas uma Copa do Mundo disputada: campanha sem brilho no Mundial de 1966. Ponto negativo na carreira? Que nada! O reconhecimento do arqueiro transcende qualquer necessidade de destaque pelo esquadrão nacional.

Brasil também é celeiro de craques da baliza
Uma ação individual do guardião da meta pode valer mais do que gol, e o torcedor brasileiro sabe bem disso. Que são paulino ainda não sente um arrepio com a imagem de Rogério Ceni alçando voo em cobrança de falta de Gerrard na final do Mundial de Clubes de 2005? Qual corintiano não consegue fechar os olhos e imaginar a defesa de Cássio frente a frente com Diego Souza em partida contra o Vasco pela Libertadores de 2012? Ou, ainda, qual aficcionado do Galo mineiro ainda tem arrepios com o pé esquerdo milagroso de Victor na campanha do título continental de 2013?
Feliz é o torcedor que tem Fábio sob sua meta há mais de 12 anos ininterruptos; o palmeirense que teve um santo alviverde; o torcedor fluminense com o histórico Castilho, de quase 700 partidas pela equipe carioca; e o gremista que ainda tem fresca na memória a trajetória de Marcelo Grohe nos vitoriosos anos de 2016 e 2017.

Privilegiados somos nós, brasileiros, que tivemos esses e muitos outros craques do gol defendendo a nossa Seleção. Do ex-Santos campeão das Copas de 1958 e 1962, Gylmar, ao histórico Taffarel e o inacreditável Dida, com uma galeria de defesas digna de exposição artística.
De camisa diferente e mãos cobertas por luvas (ou não), os arqueiros podem marcar momentos na memória de um torcedor. Neste Dia do Goleiro, o guardião solitário tem o seu merecido reconhecimento.
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