
Por: Marcelo David, RJ
O Cenas Lamentáveis é defensor intransigente do futebol – e da cultura – noventista. Você sabe. Somos totalmente contrários ao futebol moderno, rechaçamos as novas arenas, os torcedores de cartola, os artilheiros-snapchat e os zagueiros-instagram. Poderia estar no nosso contrato firmado com o site que nossa obrigação é trabalhar para que se estimule a devoção àquilo que realmente importa: campo, bola e torcida.
Dessa forma, é interessante notar uma grande diferença entre os jogadores de hoje e os que faziam sucesso há 20 anos. Não vamos discutir, aqui, as diferenças existentes na atmosfera dos estádios, na cobertura da imprensa, no comportamento da torcida e no modo de agir e pensar dos jogadores – tudo isso é assunto para próximas conversas entre nós. Para que eu soe um pouco mais claro, pense no artilheiro do seu time hoje. Tome como exemplo o jogador decisivo, que seja a referência no seu ataque, que seja o artilheiro, ídolo.
Agora pense em Valdir. Exato, ele mesmo, o Bigode do Vasco.
Pois sim. Valdir era tudo isso – e mais, bem mais. Nascido Valdir de Morais Filho, em 1972, no Rio de Janeiro, começou a carreira em 1991, no Campo Grande, clube situado no bairro de mesmo nome, da zona oeste carioca. Ao se transferir para o Vasco, no ano seguinte, jogou a Copa São Paulo de Juniores, conquistada pelo cruzmaltino, fazendo parte de uma geração que tinha Pimentel, Yan, Gian e Jardel – ele mesmo, ídolo do Grêmio e do próprio Vasco.
A partir de 1992, já na equipe principal, Valdir foi peça importante no inédito tricampeonato carioca, conquistado pelo Vasco em 1992-1993-1994 – sendo a conquista do primeiro ano de forma invicta, num time que tinha, entre outros, Roberto Dinamite e Edmundo, que estreou entre os profissionais junto com o Bigode. Com a aposentadoria de Dinamite e a venda de Edmundo para o Palmeiras em 1993, Valdir assumiu o protagonismo da equipe, inclusive sendo artilheiro do Carioca neste mesmo ano, e ajudando a dar ao clube de São Januário uma sequência de títulos que é excelente lembrança para os vascaínos, embalados pelas transmissões do Campeonato Carioca na TV Bandeirantes, na voz do genial Januário de Oliveira, cuja história já contamos aqui.

Em 1996, Valdir foi negociado com o São Paulo, onde não se firmou, embora tenha feito uma boa temporada, na avaliação dele mesmo, nesta entrevista para o UOL. No ano seguinte, transferiu-se para o Benfica, de Portugal, onde ficou apenas por alguns meses, quando voltou ao Brasil para jogar no Atlético Mineiro.
Em Belo Horizonte, o Bigode se destacou, conquistando a Copa Conmebol pelo Galo, onde ficou até 1999, quando foi para o Botafogo, onde jogou com o atacante Bebeto, sua maior referência como jogador, segundo declarou. Em 2000 e 2001, jogou no Santos, retornando ao Atlético no mesmo ano. Em 2002, retornou ao Vasco, onde se sagrou campeão carioca em 2003, conquistando a artilharia – dez anos depois de ter sido o maior goleador do mesmo campeonato. Em 2004, Valdir se transferiu para os Emirados Árabes, onde ficou até 2005 – quando sofreu uma grave lesão no joelho.
A partir de 2010, Valdir começou sua carreira como técnico de futebol, dirigindo o Campo Grande, clube que o revelou. Passou também por Itaboraí e São Pedro, ambos situados no estado do Rio. Em 2015, Valdir voltou ao clube onde fez mais sucesso na carreira, assumindo o cargo de auxiliar técnico permanente do Vasco, função que exerce nos dias atuais, aos 44 anos.

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