
O Cenas Lamentáveis continua a lembrar de seleções zebras, que foram longe e desbancaram as principais seleções nos torneios mundiais e continentais. A parte 1 você confere aqui.
Turquia (Copa do Mundo de 2002)

A seleção turca caiu no Grupo C da Copa do Mundo de 2002, junto com o grande favorito Brasil, a Costa Rica e a China. Um grupo sem muitos mistérios, no qual o Brasil certamente se classificaria na primeira colocação, e Costa Rica e Turquia brigariam pela segunda vaga. Na primeira rodada, os turcos enfrentaram a seleção canarinho e o placar de 2 a 1 não causou grande surpresa nem prejuízo para os vermelhos. No confronto direto pela segunda colocação, jogaram contra a Costa Rica. Aos 56 minutos, Emre Bolozoglu marcou e tudo se encaminhava para uma vitória e esperada classificação. Mas aos 86 minutos, o atacante Parks igualou o marcador. Assim, a decisão ficou para a ultima rodada.
Com a goleada aplicada pelo Brasil nos costa riquenhos, o caminho estava livre para a classificação. Ao vencer a fraca seleção chinesa, a Turquia passou de fase e enfrentaria um dos donos da casa, o Japão. Jogando para um público de mais de 45 mil pessoas, de maioria japonesa, a seleção turca não se sentiu ameaçada. Logo aos 12 minutos, o meia Umit Davala marcou o gol que levaria os turcos às quartas. O adversário seria a seleção de Senegal, que se classificou em primeiro lugar no grupo do Uruguai, e a (até então) atual campeã França. A seleção senegalesa explorava a velocidade de seus jogadores e sua habilidade para chegar à meta adversária, enquanto a Turquia usava cruzamentos e jogadas de área para conseguir o placar mínimo.
A forma de jogar de Senegal assustava, mas não era efetiva e o jogo se estendeu para a prorrogação. Aos 94 minutos, um cruzamento na área decretou a classificação Turca no gol de ouro. A Turquia enfrentaria a seleção brasileira novamente. No começo do jogo, a seleção turca foi superior, se aproveitando dos passes errados e chegando com perigo ao gol de Marcos – na maioria das vezes com bolas cruzadas na área. No segundo tempo, a seleção brasileira voltou melhor e Ronaldo, com um chute de bico no cantinho, abriu o marcador que se estenderia até o fim e eliminaria a Turquia.

Uma imagem que resume bem tanto a seleção brasileira quanto a turca é esta. Ela retrata a arrancada de Denílson, representando a técnica e a habilidade brasileira, contra quatro marcadores turcos, que mostravam a garra e a disposição da seleção vermelha.
Bolívia (Copa América de 1997)

A Bolívia sediou a Copa América de 1997 e foi longe. Estava no grupo B, juntamente com Peru, Uruguai e Venezuela. Na primeira rodada, enfrentou a Venezuela no estádio Hernando Siles. com o gol de Milton Coimbra Sulzer, venceu o confronto. No mesmo jogo, ambas as seleções terminaram o jogo com menos um jogador. Na segunda rodada, jogaram com o Peru. Com a vitória por 2 a 0, já encaminhava sua classificação para a próxima fase. Na última rodada da fase de grupos, enfrentou o Uruguai e com o placar mínimo de 1 a 0 avançou de fase de forma invicta e sem sofrer nenhum gol.
As quartas de finais começaram para a equipe comandada por Antonio Lopez, Logo no começo do jogo contra a Colômbia, aos quatro minutos, o meia Etcheverry abriu o placar. Após 20 minutos, Sanchez ampliou a vantagem para 2 a 0 e mostrava a força boliviana ao jogar em casa. A Colômbia só viria a marcar no segundo tempo com Gaviria, mas a reação pararia por ali mesmo. A Bolívia avançava para a fase semifinal. O México enfrentaria uma seleção embalada e um Hernando Siles lotado. Mesmo assim, aos quatro minutos de jogo, os mexicanos abriram o placar com Ceseña. A partir dali, a Bolívia reagiria com gols de Sanchez, Moreno e Castillo.
A final seria disputada contra a seleção brasileira, que havia goleado a seleção peruana por sonoros 7 a 0. O primeiro tempo terminou empatado por 1 a 1, com gols de Denílson aos 40 minutos e Sanchez aos 46. Na volta do intervalo, a seleção brasileira mostrou sua superioridade e ampliou o resultado com Ronaldo e Zé Roberto. O placar de 3 a 1 deu ao Brasil o quinto título de Copa América. Mas o que chamou a atenção foi campanha feita pela seleção boliviana, que foi empurrada por sua torcida e chegou à grande final.
As zebras são de extrema importância para o futebol, pois desacomoda e tira da mesmice o esporte. Elas muitas vezes resgatam a raça, a determinação e a vontade de vencer, elementos que hoje fazem falta em algumas grandes seleções. As zebras nada mais são do que o fruto de um trabalho duro e competente, que rende admiração e reconhecimento. Assim como na vida, não devemos nos render às dificuldades e supostas superioridades, pois tudo feito com determinação e vontade tem bons resultados.
Confira a primeira parte da série:
https://cenaslamentaveis.com.br/zebra-f-c-as-selecoes-que-surpreenderam-o-mundo-parte-1/
Texto: Pedro Henrique Pereira (PHPC97)
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